segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O breque (a famosa paradinha)

        Vamos falando daqueles momentos em que a bateria para ou faz um acompanhamento distinto com um ou mais instrumentos, neste momento ela está fazendo uma convenção. Uma paradinha é uma convenção. Logo, convenção é um determinado arranjo combinado previamente e executado no acompanhamento do samba sem mudar o andamento do mesmo. Sempre será uma convenção, o acordo do mestre com seus (ritmistas) batuqueiros. 

        Para se chegar a isto é necessário muito ensaio, mas fica muito bonito quando bem resolvido e bem acabado. Aqui no Sul sempre houve em nossa baterias o que chamávamos de breque, que no Rio de Janeiro tem o nome de bossa e outras denominações menos conhecidas.
Sou do tempo em que nosso breques, por muito tempo feitos por uma passagem de caixetas (tamborins) na sua maioria. Hoje temos por conta da criatividade dos mestres uma infinidade de convenções, que são executadas por repiques, tarol, agogôs, etc. E isto acaba se tornando também uma ferramenta para identificarmos uma bateria, e definir se ela esta passando reta ou não.

        Se usa o termo passou reta exatamente quando a bateria tem a preocupação única de fazer a sustentação do samba, dentro do andamento normal sem alteração alguma. Exemplo de uma passagem assim aconteceu em um carnaval da Praiana, quando mestre Toralles assume a bateria dias antes do dos desfiles oficiais. Sem tempo para um trabalho mais elaborado, sua bateria passou firme e forte sustentando o samba, mas sem arranjos  breques ou bossas.

        A Paradinha, reza a lenda, aconteceu por uma acaso, em um acidente.  Em 1959, com o carnaval “Os Três Vultos que Ficaram na História”, Mestre André (José Pereira da Silva), por um erro, criou a famosa paradinha e não decepcionou: naquele dia, ele escorregou e caiu, a bateria parou. Levantou, e apontou para o repique. O repique entrou no tempo certo e então, nasceu, foi inventada a paradinha, explicou o seu filho o Andrézinho, do grupo Molejo.

       Responsável não só pela criação da paradinha, Mestre André inovou em vários aspectos. Foi ele que, junto de Tião Miquimba, da Bateria, criou o surdo de 3ª, (assunto que abordaremos outra hora). À época a Bateria da Mocidade destacava-se como a melhor do Carnaval carioca, chegava-se a dizer que a escola era uma bateria com várias pessoas sambando ao redor.

        Nos dias de hoje, percebe-se uma bateria com vida própria que se harmoniza com a escola para sustentar o canto, e definir a evolução. Mas não é só isto.  As nossas baterias criam momentos de enorme emoção em um desfile. Como coração da escola já construiu espaço para outros vôos.

       Uma bateria tem em media trezentos ritmistas, que tem a responsabilidade de não errar, não pode cansar correr ou arrastar tudo tem que estar perfeito, sob pena de derrubar uma escola.  As baterias de hoje, principalmente as do carnaval do Rio de Janeiro e de São Paulo, gozam de prestigio merecido. Os batuqueiros não pagam suas fantasias (prática comum aqui também) e dão um enorme retorno.

        Aumentam o nível de dificuldade, bem ao gosto dos julgadores, que têm nos manuais de julgamento a orientação de  dar notas altas para quem trabalhar este quesito com inedetismo, criatividade e alto grau de dificuldade.  As baterias exploram hoje novos caminhos, fazendo bossas ou convenções. Inovam quando arriscam modernamente em arrojadas coreografias. Tais movimentos levam a massa expctadora ao delírio. Que venha mais, bossas, breques, convenções ou paradinha, elas fazem uma das partes mais  bonita do nosso carnaval.

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